LAVANDEIRA

Orago São Salvador

CONSELHO PAROQUIAL PARA OS ASSUNTOS ECONÓMICOS

PRESIDENTE/PÁROCO - Padre Humberto José Coelho

SECRETÁRIO - 

TESOUREIRO -

VOGAL -

VOGAL - 

Lavandeira é uma aldeia do concelho de Carrazeda de Ansiães, sede de freguesia situada geograficamente a 7,6 Km da sede de concelho. Esta União de Freguesia localiza-se junto do Castelo de Ansiães e engloba as aldeias Beira Grande e Selores.

A paróquia de São Salvador é transladada em 1734 do Castelo para o lugar de Lavandeira, ficando então como seu padroeiro o Divino Rei Salvador celebrado a 6 de agosto. Porém a festa mais relevante é a Romaria de Santa Eufémia celebrada nos dias 14, 15 e 16 de setembro. A festa de Santa Eufémia ou "Festa da Marrã", procurada por diversos devotos que vêm em Romaria de terras bem distantes, dalém Douro e tua.

É tradicional nesta festa assarem a carne de porco, a chamada Marrã, já conhecida por toda a região. Certos anos chegavam a matar mais de uma centena de porcos e a carne era toda consumida nesse dia de festa. Num ambiente festivo reúnem-se os amigos para saborearem o assado, degustando um bom vinho local e como sobremesa preferencialmente o melão.Existe na localidade de Lavandeira uma grande Irmandade de Santa Eufémia que está dividida em dois ramos: o Ramo de Além do Rio Tua que abrange aldeias dos concelhos de Alijó, Murça, Valpaços, e parte do de Mirandela e o "Ramo da Vilariça" pelos concelhos de Carrazeda de Ansiães, Moncorvo, Alfândega e Vila Flor, e a outra parte do de Mirandela.

Pode também visitar o Núcleo Museológico do Azeite - Lagar de Lavandeira, que mostra ao visitante como era produzido o azeite num lagar tradicional de prensa de parafuso central e todo o processo relacionado com a produção.

No território geográfico desta União de Freguesia está edificado o Castelo de Ansiães, imóvel considerado como o ex-libris do concelho. Esta vila medieval foi classificada como Monumento Nacional em 1910 e, recentemente foi dotada de uma receção de apoio ao visitante que lhe poderá fornecer informação detalhada sobre a antiga vila de Ansiães e as suas duas igrejas, a igreja de São Salvador ao gosto do românico e a igreja de São João Baptista ao gosto do pré-românico.

A IGREJA PAROQUIAL

Descrição


Planta longitudinal irregular, composta pela nave rectangular, antecedida por alpendre, capela-mor também rectangular, mais baixa e estreita, torre-campanário e sacristia adossados ao lado direito. Volumes articulados, de disposição horizontal, com coberturas diferenciadas, em telhados de duas águas, que se prolonga a uma sobre a sacristia e de três no alpendre. Fachadas em granito aparente, com cunhais apilastrados coroados por pináculos piramidais com bola e remates em friso e cornija. Fachada principal voltada a O., marcada por alpendre sustentado por doze colunas toscanas, galbadas, em granito e assentes num muro, com 1,38 m. de altura, que circunscreve o espaço quadrangular e é amparado internamente por poiais em toda a sua extensão, com três acessos centrais, protegidos por portas gradeadas. O interior do alpendre possui forro em madeira e a frontaria apresenta portal de verga recta, assente em duplas pilastras toscanas, sustentando entablamento, com duas flores lavradas no eixo das pilastras exteriores, as quais suportam frontão interrompido com dois pináculos laterais e, no centro, nicho moldurado em granito, tendo, na sua base, a legenda "S. / EVFEM / IA". O portal é ladeado por duas janelas rectangulares, gradeadas, rematadas por cornija, friso com fresta de arejamento e cornija saliente. À direita da fachada, torre-campanário com dois registos demarcados pelo friso saliente, o primeiro cego e o segundo rasgado por duas sineiras em arco de volta perfeita e, ao centro, um relógio; remata em cruz latina e dois pináculos boleados. Fachada N. com portal sensivelmente a meio do volume da nave, com acesso por pequeno degrau a acusar o desnível do terreno e com características semelhantes ao da fachada principal; no tímpano, dois acantos encimados por querubim; surge, ainda, uma janela em capialço e moldurada. O volume da cabeceira é rasgado por janela rectangular, igualmente moldurada. Fachada S. com a sacristia rasgada por janela jacente rectangular, gradeada e moldurada, tendo, na face O. porta de verga recta, igualmente moldurada. No volume da igreja, portal lateral idêntico aos anteriores, bastante alteado e com acesso por degraus, de dupla pilastra e entablamento, sobre o qual surge o escudo português. O acesso ao campanário é processado por porta moldurada, rasgada no primeiro registo do lado E. e, superiormente, estrutura de betão e ferro; no primeiro registo do lado S., uma janela de sacada com parapeito em ferro, assente em modilhões ondulantes e a moldura do vão é saliente, interrompendo o friso do remate. Fachada posterior cega no volume da capela-mor, ostentando, no da sacristia, vestígios de um vão de volta perfeita, actualmente entaipado. INTERIOR com pavimento em madeira e cobertura em falsa abóbada de berço abatido, igulamente de madeira, assente em cornija entalhada com consolas equidistantes e caixotões pintados com motivos hagiográficos: Evangelistas e cenas da vida de Cristo e da Virgem. Paredes totalmente revestidas com pinturas murais a azul e branco, também com cenas bíblicas e lambril de acantos, enrolamentos. A ladear os portais, pias de água-benta concheadas. Coro-alto de madeira formando arco em asa de cesto, com guarda balaustrada e acesso por escadas no lado da Epístola, tendo no corpo posterior painel de madeira com pinturas de acantos decorativos. No lado do Evangelho, arco de volta perfeita com a imagem de roca do Senhor dos Passos e púlpito quadrangular, assente em mísula, com vestígios de douramento e guarda plena de madeira, com marmoreados fingidos com reserva central de concheados; escadas de acesso em madeira com guarda balaustrada, tendo, no corpo posterior, apainelado de madeira com pinturas decorativas. No lado da Epístola, retábulo de talha dourada. Arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras pintadas, ladeado por retábulos de talha dourada e policromada, dedicados aos Sagrados Coração de Jesus e de Maria, os quais se prolongam em arquivoltas, envolvendo o arco triunfal. Capela-mor também com pinturas murais a azul e branco e cobertura em falsa abóbada de berço de caixotões pintados, representando uma Árvore de Jessé. Retábulo-mor de talha dourada, de planta recta e três eixos divididos por colunas torsas com pâmpanos, formando tribuna central, em arco de volta perfeita e trono, e dois painéis com mísulas lateralmente. As colunas prolongam-se em arquivoltas formando o ático. Sacristia com tecto de caixotões pintados e arcaz encimado por vão pleno pintado com motivos concheados.

Acessos


Largo de Santa Eufémia

Protecção


Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 45/93, DR, 1.ª série-B, n.º 280 de 30 novembro 1993

Enquadramento


Urbano, a meia-encosta, o imóvel situa-se num amplo largo, de pendor inclinado, que tem habitações de um e dois pisos em granito e com reboco. O adro está circunscrito por muro baixo que arranca da fachada E., na cabeceira, e termina ao nível da fahcada N. do alpendre. Várias árvores de grande porte rodeiam o imóvel.

Descrição Complementar


Retábulo do lado do Evangelho, de planta recta e um eixo circunscrito por colunas de fuste liso, composto por nicho de volta perfeita e espaldar projectado com decoração de rendilhados e pequenas pilastras laterais. Altar em forma de urna. Retábulos colaterais são semelhantes, de planta recta e um eixo com colunas torsas decoradas com pâmpanos, com mísula central envolta por friso a formar volta perfeita, encimado por friso e cornija. As colunas prolongam-se, embora de forma deficiente, sobre o arco triunfal, unidas no sentido do raio, formando painéis decorados com acantos. No tecto da capela-mor, treze caixotões representando: Jessé com inscrição - "ARVORA DOS.DOZE / TRIBOS DECENDENTES / REIS.DEJA CCE" -, Salomão, Osias, Acaz, Roboão, David, Ezequias, Joatão, Jorão, Josafat, Asa e Abias. A rematar, a Virgem com o Menino.

Utilização Inicial


Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual


Religiosa: igreja paroquial

Propriedade


Privada: Igreja Católica (Diocese de Bragança - Miranda)

Afectação


Sem afectação

Época Construção


Séc. 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor


Desconhecido.

Cronologia


Séc. 17 - construção do imóvel; 

séc. 17 / 18 - execução da cobertura da nave e estruturas retabulares; 

séc. 18 - decoração dos vãos exteriores; 

1734, 6 Abril - transfere-se para o imóvel a paróquia, sob a invocação de São Salvador; 

séc. 19 - provável constituição da Irmandade de Santa Eufémia; 

1987, 12 Fevereiro - despacho de classificação do imóvel, como IIP; as coberturas interiores encontravam-se em péssimo estado de conservação; 

1988, 19 Fevereiro - o proprietário solicita apoios financeiros para o restauro das coberturas; 

1989, 20 Fevereiro - num ofício da DGEMN, é referida a necessidade de intervir nas instalações eléctrica e sonora; verificou-se ser necessário rever o remate da torre-campanário, para a instalação dos pesos do relógio.

Dados Técnicos


Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais


Granito na estrutura, campanário, molduras, cruzes, pináculos, base do púlpito; madeira nas portas, coro-alto, retábulos, imaginária, coberturas; telha de aba e canudo; betão no campanário; ferro na guarda do campanário; vidro simples.

Bibliografia


AGUILAR, José, Carrazeda de Ansiães e seu termo. Esboço e subsídios para uma monografia, Carrazeda de Sansiães, 1980; Bragança, Julho-Setembro de 1992, pp. 221-240; CORDEIRO, Olga Telo - Um milhão e meio de euros para recuperar património do Vale do Tua. Jornal Nordeste. 03 fevereiro 2015; Dicionário enciclopédico das freguesias, vol. 3, Matosinhos, 1997, pp. 64-65; PEREIRA, Henrique Manuel S., A Árvore de Jessé. Um exemplar da Igreja da Lavandeira, Brigantia, vol. XII, n.º 3; RODRIGUES, Helder, A festa de Santa Eufémia de Lavandeira. No contexto socio-económico e cultural de Carrazeda de Ansiães: passado e presente, Braga, 2002; SOUSA, Fernando de e PEREIRA, Gaspar Martins, Alto Douro, Lisboa, 1988; TAVARES, Virgílio, Conheça a nossa terra. Carrazeda de Ansiães, s.l., 1999; Câmara Municipal de Ansiães, www.cm.cansiaes.espigueiro.pt, 2001.

Documentação Gráfica


IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica


IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa


IHRU: DGEMN/DSID

Intervenções Realizadas


Séc. 20 - arranjo da torre-campanário; 

década de 50 - colocação do soalho na nave sobre o piso primitivo, constituído por lajes sepulcrais;

 década de 60 - renovação do revestimento da cobertura, com colocação de telha cerâmica do tipo duplo; retoque da pintura da nave por técnicos da escola de Braga; 

1964 - colocação da porta gradeada no alpendre; 

2015 - Obras de recuperação da igreja, no âmbito das medidas compensatórias do Aproveitamento Hidroelétrico de Foz do Tua (AHFT), numa parceria da Direção Regional de Cultura do Norte e da Agência de Desenvolvimento Regional da Vale do Tua (ADRVT), com o financiamento da EDP.

2023 - Automatização do toque horário e de culto (Jerónimos);